quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

5 dia - San Pedro de Atacama - A saga
















Vamos lá:

Saimos do hotel em Purmamarca no horário previsto.
Combinamos de sair as 07 da manha e cumprimos o horario.
Chovia fino e fazia frio.
Todos com suas roupas de chuva.
Iniciamos a subida com o Mario à frente.
Ele havia dito que queria tirar muitas fotos e cumpriu o prometido.
Parava a todo momento para uma fotinho.
O Nelinho nem descia mais da moto.
Realmente a paissagem é lindissima.
Quando chegamos aos 3500 mtrs entramos na camada de nuvem e fomos assim até os 4300 mtrs. A temperatura caiu para 4º e a garoa era tão densa que eu em terceiro na fila não via o Mario na frente. Só enxergava o pisca alerta do Nelinho à minha frente. Todos levavamos os piscas ligados. A velocidade que andavamos caia aos 20km/h.
Subiamos lentamente. A garoa e as pedras que desciam para o alfalto complicavam a nossa tocada.
Aos 4300 mtrs chegamos ao alto da camada e o céu ficou azul.
A camada abaixo de nós. Viamos as nuvens, mas não tinhamos a vista do vale.
Nesse ponto a moto do Luciano entrou na reserva.
Ainda faltavam uns 80 km pra chegarmos ao próximo posto e a moto dele já pedia gasolina.
Ficamos preocupados, mas achamos que indo mais devagar daria para chegar, na pior das hipoteses tirariamos gasolina da moto do Mario e passavamos pra do Luciano.
A minha moto e a do Nelinho, que também são GS iguais a do Luciano não estavam na reserva, então achavamos que daria pra chegar. A Adventure do Mario tinha meio tanque.
A moto do Luciano deu 0km de autonomia no computador de bordo.
Depois de uns 5 km com o computador dele piscando no 0km de autonomia o Mario parou com ele e trocaram de motos.
O Mario mais leve e mais experiente no acelerador deveria fazer o pouco que restava no tanque render um pouco mais.
Nas descidas ele desligava a moto no corta-contato e ligava nas subidas.
Chegamos no posto no sopro do tanque.
Enchemos os tanques e paramos para tomar uma agua.
Já não havia nuvens e não sentiamos tanto frio.
Partimos para a fronteira. Mais 121 km.
Chegamos ao Paso de Jama e paramos para abastecer de novo.
Chegamos à fronteira da Argentina.
O guarda nos mandou parar à direita no sol.
Um sol de rachar.
Deixamos tudo nas motos e partimos com as pastinhas com os documentos para a casinha da Imigração.
Nesse ponto nossa apreensão aumentou pois chegava a hora da verdade: O Luciano ia preso, voltava pra casa ou seguia viagem.
Entramos numa fila com umas 20 pessoas na nossa frente.
Ficamos na fila no sol.
O Nelinho com a roupa toda de chuva ainda, que não tirou por preguiça começou a sentir os efeitos da falta de oxigenio por causa da altitude, afinal estavamos a 4300 mtrs do nível do mar.
Quando conseguimos entrar na casa onde era a imigração o Nelinho sentou-se num banquinho e abaixou a cabeça e o Mario disse: o velhinho tá mal.
Nisso o Mario viu uma sala com uma placa que dizia Primeiros Socorros.
Lá dentro tinha um velhinho agarrado num cilindro de oxigênio.
O Mario pegou o Nelinho pelo braço, ajudando-o para não cair e o levou até a tal salinha.
Quando o velhinho que estava saiu o Nelinho grudou na mascara e ficou ali bem uns 10 minutos respirando aquele arzinho. Oxigenio puro. Ele ficou tanto tempo que se formou uma outra fila, a fila do oxigenio.
Nisso o Luciano vendo a animação com que o Nelinho saiu do oxigenio falou: eu tambem quero essa porra!
E ficaram os 3 três lá salinha revesando no oxigenio.
Eu na fila e eles tirando onda no oxigenio.
A fila não andava, nem pra imigração nem a do oxigenio.
Daí chegou uma mulher da imigração que estava em horario de almoço e a fila finalmente andou.
Por acaso ela cortou a fila bem na nossa frente.
Chamou o Mario.
Iniciamos os procedimentos e deixamos o Luciano em terceiro para checarmos como funcionavam as coisas antes dele passar pela prova de fogo.
Primeiro foi o Nelinho, depois o Mario e eu e o Luciano entramos juntos pra eu ajudar com o portunhol dele.
Estavamos um pouco apreensivos, pois não sabiamos o que iria ocorrer.
Daí a mulher da imigração pediu a ele os documentos.
Quando ele sacou da pastinha a tla carteira de identidade, impressa no hotel em Correientes, plastificada em Cafayate ficamos olhando pra cara da mulher e ela disse: cadê o boleto carimbado na entrada?
Gelamos. Não tinhamos.
Não respondemos por uns segundos e ela disse: se perdeu vai ter que pagar uma multa de PS$ 100,00 (são R$ 50,00 mais ou menos) e prontamente respondemos: perdeu. É isso! Ele perdeu. Onde ele paga a multa.
A mulher ficou muito a contra-gosto mas indicou o local para ele pagar a multa.
Eu fiz o meu procedimento e sai.
E ficamos todos aguardando que ele saisse.
Quando eu cheguei do lado de fora da casinha o Mario estava de papo com uns brasileiros que estavam indo para o Paso de Francisco ou para o Paso de Aguas Negras a caminho de San Pedro de Atacama.
Nisso um dos brasileiros ali perguntou se alguem era da Autokraft. Imediatamente o Mario se identificou.
Aí o cara disse: só compro minhas motos com o Guilherme na Autokraft. Sou do sul, Porto Alegre, e compro sempre lá. Já comprei 3 motos com o Guilerme e o meu irmão outras tantas.
O Mario se encheu. Tá vendendo moto até pro sul.
O cliente disse que adorava o atendimento do Guilherme.
Imediatamente o Mario sacou de seu telefone ligou para o Guilherme, mas o sinal era fraco e não completava.
Nisso chega o Luciano e diz: tudo safo. Vou tomar um chá de coca. Agora acabou a minha saga, estou com a moto leve, documentado e não tenho mais problemas.
Fomos para as motos e o Luciano para o Kiosko tomar o tal chá de folha de coca.
Partimos para o Chile.
Perdemos duas horas na alfandega de Paso de Jama.
Mal subimos nas motos o Mario para numa placa Bien Venido a Chile.
Tiramos fotos.
Andamos mais 500 mtrs e ele para em outra placa.
O Nelinho nem desce mais da moto.
Foto.
Partimos com o Nelinho dando esporro no Mario: assim a gente não chega nunca! Chega de foto porra.
No Chile continuamos subindo.
Chegamos aos 4800 mtrs de altitude.
O Mario parou. Outra placa com altitude e o Mario tirando foto.
Quando pensavamos que iriamos começar a descer entramos no Altiplano Andino e passamos os próximo 120 km andando entre 4500 e 4700 mtrs o tempo todo cercado de vulcões extintos.
A vista de uma beleza impressionante e incomum.
Um deserto, cactus, lhamas e vicunhas.
De vez em quando passavam umas construções onde algumas pessoas trabalhavam, ora em minas de sal ora em olarias, fazendo tijolos que se usam aqui na contrução das casas.
Tudo parece feito com esse material.
Realmente tudo é dessa cor. Acho que construiram tudo por aqui com esses tijolos.
O vento era impressionante.
As motos andando de lado.
Pelo menos o vento era mais constante e as motos não sacudiam tanto.
Chegamos à San Pedro de Atacama às 16:00hs.
Fomos pra outra aduana.
Isso é interessante: a aduana do Chile não fica na entrada do país, fica 120km depois da fronteira, já em San Pedro, afinal quem vai ficar pelo deserto vagando.
Dessa vez estavamos mais confiantes. O Luciano já havia passado com sua identidade pela fronteira da Argentina, então a do Chile não seria problema.
Inicamos os procedimentos de imigração e uma burocracia, preenche papel daqui, preenche papel dali e lá vem o cidadão da Agricultura e Animais pra checar as bagagens.
Abre tudo! Disse ele.
O Nelinho na mesma hora falou pro Luciano: agora imagina se tu tá aqui com aquele monte de malas.
No que ele concordou.
Aí o cara chega na moto do Mario: o que tem aqui? Perguntou.
E o Mario: Rrrrrrrrrropa.
E aqui: Rrrrrrrrrrrrropa.
E aqui: Rrrrrrrrrrrropa.
Aí o cara disse: É tudo ropa?
E o Maio: noooooooooooooooo.... aqui sapatos e aqui cremas.
E o cara: então abre que eu quero ver.
Bom... passamos.
Entramos em San Pedro e nos surpreendemos com a cidade.
Uma cidade extremamente rústica.
Feita com material do local e nem um metro de asfalto.
Toda em terra batida parecendo uma cidade do velho oeste daqueles filmes mexicanos.
Dava pra filmar um bang-bang por aqui.
É tudo muito seco. A humidade do ar é extremamente baixa.
Paramos e perguntamos onde poderiamos achar um hotel.
Nos indicaram um.
Eu desci da moto e fui ver.
O cadadão me pediu US$ 120,00 por um cubiculo sem ar condicionado tipo um hostal pra duas pessoas.
Voltei e partimos pra procurar um hotel melhor.
A cidade tem varias ruas fechadas ao tráfego de veiculos, por isso andar por aqui é complicado.
A policia dá muito em cima.
O Mario parou a moto proximo a uma esquina e logo um guarda de moto parou e mandou ele retirar.
Encontramos uns brasileiros de SP e eles disseram que a policia multa por qualquer motivo.
Que numa placa de pare é melhor para mesmo.
Paramos em uma esquina e o Luciano partiu atras de um hotel que nos haviam indicado.
Eu estava irritado pois estava com muita fome.
Não haviamos comida nada até esse momento.
Sentei e disse: não saio daqui. Vou comer.
Quando o Luciano voltou chegou animado com o hotel.
Tinha ar condicionado.
Na verdade é um hotel 5 estrelas e um SPA: http://www.hotelkunza.cl/
Recomendamos. O hotel é ótimo.
Saimos para jantar num restaurante indicado por aqui.
Lá ficamos impressionados com o aprendizado rápido de espanhol do Mario.
Ele pede coca-cola: uma cueca-cuola com diello...
E o Nelinho: Fala portugues Mario.
Ele responde: deixa que tá funcionando meu espanhol....
Amanhã ficamos por aqui...descançando e recarregando as baterias.
Voltamos pra estrada na sexta-feira bem cedo.
Vamos ver o que acontece por aqui e nos vemos online novamente amanha.

Um comentário:

  1. Estou acompanhando estes relatos como se fosse novela, está o máximo!!!!
    E meu primo "sem teto" conseguiu se safar e, melhor ainda, se documentar.
    Ele merece, gostaria muito de poder estar curtindo esta viagem com vcs.
    Bem, finalmente através dos relatos e das fotos consegui identificar quem é quem, pois só conheço o Luciano.
    Abraços em todos e boa viagem....

    Eduardo Rennó

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